LIZARD CANÁRIO CLUBE DE PORTUGAL
BOLETIM INFORMATIVO Nº 6 - Dezembro/2010
Estranharam os mais atentos da falta do Boletim Informativo do LCCP. Como foi explicado a algumas pessoas que entraram em contacto connosco, tal facto deveu-se ao período das Exposições dos Clubes, em que nós participamos activamente, quer auxiliando, quer classificando, em muitos casos no estrangeiro.
Decidiu-se no entanto que este Boletim passaria a ser elaborado de dois em dois meses.
Neste período, no passado mês de Novembro, realizou-se a Exposição do LCCP, facto que aqui damos alguma importância, mostrando a todos algumas fotos do evento. Congratulamo-nos com a qualidade das aves apresentada, facto realçado pelo Juíz internacional Giulianno Passignani, classificador das aves.
2 – Rowings ou Desenho do peito no Lizard
4 – A doença que mais canários mata - Colibacilose
Os textos são da autoria de:
Carlos Lima - Presidente do LCCP, Juiz de Canários de Porte CNJ/OMJ e Juiz de Canários de Cor CNJ
Luis Filipe Vilas Boas - Juiz de Canários de Porte CTJ/OMJ
Luis Morais - Tradução para Espanhol.
Realizou-se no passado mês de Novembro mais uma Exposição do LCCP com a denominação de 3ª Exposhow, conjuntamente com a Exposição do Clube de Ornitologia Almadense.
Estiveram a concurso cerca de 175 aves, pertencentes a mais de uma dezena de criadores, julgadas pelo Juíz Internacional italiano Giuliano Passignani.
Mais uma vez ficou bem patente a qualidade das aves apresentadas, ficando esta bem demonstrada pelas pontuações finais.
Por tudo isto, a Direcção do LCCP orgulha-se de mais uma vez poder dizer que a sua Exposição foi um êxito.
Ficam aqui algumas fotos para aqueles que não puderam estar presentes.
2 - Rowings ou Desenho do peito
Desenho do peito (Rowings) 10 | Como o desenho dorsal, embora ligeiramente mais atenuado e mais largo, mas permanecendo bem visível e alinhado, aumentando gradualmente de tamanho em direcção ao ventre e aos flancos. |
De acordo com as normas da COM/OMJ esta rubrica na ficha de julgamento do canário Lizard te uma pontuação de 10 pontos.
Como todos sabemos o canário Lizard apresenta dimorfismo sexual (há diferenças fenotipicas entre os machos e fêmeas, mesmo que pequenas) sendo as fêmeas mais marcadas no peito, com maior relevância nos prateados.
O desenho do peito é ligeiramente mais atenuado e mais largo, mas permanece bem visível, alinhado, aumentando de tamanho (o desenho) em direcção ao ventre e flancos.
Para os rowings (desenho do peito) estarem em evidência é necessária uma óptima marcação, sendo predominante a eumelanina negra nas marcações do peito (melanina de marcação) onde vai consentir o realce da cor de fundo.
Todos sabemos que se a eumelanina castanha for muito visível teremos um Lizard com o desenho não alinhado, confundindo-se com a cor de fundo.
Os rowings não têm a nitidez dos spangles (desenho dorsal) pois isso tem a ver com as diferentes estruturas das penas (plumagem). A textura das penas de cobertura do dorso são mais apertadas, compactas e mais consistentes sendo as restantes mais soltas.
O desenho dorsal é formado por linhas de marcação em forma de meias-luas alinhadas, enquanto o desenho do peito é formado por linhas de marcação em forma de triângulos.
O desenho peitoral surge em maior evidência nos Lizard Prateados principalmente nas fêmeas (dimorfismo sexual mais evidente). Quanto aos Dourados, por serem intensivos, as marcações por norma aparecem nos flancos (fêmeas) e abrangendo o peito mas sempre menos nítidas nos machos devido à intensidade da respectiva cor de fundo (lipocromos).
O criador para conseguir melhorar as marcações peitorais, tanto nos machos como nas fêmeas, tem ao longo dos anos que praticar uma selecção atenta, rigorosa, que terá em conta a cor negra (eumelanina negra) do desenho das aves a acasalar e desempenhando um papel importante na qualidade da plumagem.
Tudo o que foi referido são bases de trabalho para melhorar as marcações do peito dos nossos canários Lizard, tendo estas a sua maior expressão desde que tenham uma boa forma, um peito cheio sem apresentar sinais de gordura.
Por último a selecção criteriosa auxiliada pelo factor genético das aves, chegamos ao ambicionado ( os rowings) com evidência seja nos machos ou nas fêmeas.
Para finalizar existem três tipos de modelo para conseguir uma boa selecção:
1- Selecção da massa fenotipica: dentro dos vários canários que o criador dispõe escolhe-se o melhor, o que apresentar as melhores marcações peitorais (rowings) o que pode ser feito por um simples golpe de vista. Em caso de dificuldade pedir ajuda a um criador experiente.
2- Selecção genética: esta é sem dúvida a mais trabalhosa e difícil, pois não tem efeitos imediatos. Temos de verificar se os acasalamentos que planeamos resultam nos anos seguintes ao iniciarmos nova época de criações com a transmissão dos genes por parte dos progenitores à sua prole (filhos). Verificar se o desenho peitoral teve melhoramentos, caso estas características não são de imediato passadas é importante recorrer à consanguinidade único método de gerar um plantel de alto valor genético. Por isso temos de utilizar o reprodutor (macho) com duas ou três (fêmeas) de linhagens diversas mas com características devidamente fixadas.
3- Selecção complementar: tem como finalidade indicar uma selecção tendo em vista determinados parâmetros a saber:
· Boa saúde
· Temperamento calmo
· Robustez física
· Plumagem de alta qualidade
· Muda rápida e completa
3 - Sabia que…
· Antes da primeira muda, o Lizard apresenta-se como um canário verde, sem qualquer espectacularidade. A muda inicia-se após 8 semanas do nascimento, desenvolvendo-se rapidamente estando os jovens canários prontos a serem vistos nas exposições ao fim de 4 a 5 meses de vida.
· As características ideais de um casal, passa por ter um bom desenho dorsal, boa forma e uma plumagem curta, brilhante e sedosa, de preferência com a eumelanina negra bem evidente, o que uma boa cor de fundo vai ajudar a realçar essa virtude.
· As fêmeas têm enorme importância na forma dos jovens Lizards, contribuindo decisivamente para uma boa harmonia.
· Um macho Dourado (intenso) com óptimo desenho dorsal e de plumagem curta, deve ser acasalado com uma fêmea Prateada, com um óptimo desenho peitoral, boa forma, mas com efeitos ligeiros ou decadentes no desenho dorsal.
· Os acasalamentos podem ser efectuados, entre pai x filha ou mãe x filho, mas nunca entre irmãos (consanguinidade directa).
· O acasalamento entre irmãos é positivo para fixação do património genético dos progenitores (consanguinidade indirecta)
· Os Lizards com um tamanho superior a 12,5 cm apresentam melhor forma no seu corpo e a cabeça mais redonda, exprimindo assim uma melhor marcação dos flancos, tanto nos machos como nas fêmeas.
· O pó obtido da planta Fallopia Auberti (Poligonum) é utilizado para melhorar a oxidação do bico e patas. A sua comercialização é feita com o nome de Kuoterichpulver e pode ser também utilizado nos canários negros.
4 - A doença que mais canários mata (colibacilose)
Creio que ao iniciar este artigo não cometo erro em afirmar categoricamente que a doença que causa mais perdas dos canários recém-nascidos durante a época de criação, é a colibacilose, principalmente porque esta doença actua nos jovens canários entre os 3 e os 10 dias de vida. Esta doença é causada por uma bactéria pequena e curta denominada Echericheia Coli ou Coli Comuni, cujo desenvolvimento é enorme e a sua resistência é extraordinária, tanto às temperaturas baixas como muito elevadas (de 1 a 40 graus). Esta bactéria tem mais de 150 pequenas variações (sorotipos) e instalam-se na mucosa intestinal.
A Colibacilose tem três formas distintas de actuação:
· Aguda
· Subaguda
· Crónica
É sobre a colibacilose aguda que vamos tratar, pois é esta forma de doença que aparece nas nossas criações de canários, e que me levou a debruçar, procurando desta forma poder contribuir para que os amantes da canaricultura em geral possam alcançar bons resultados na época reprodutiva.
A transmissão da doença pode ser de pais para filhos, já na formação do ovo ou de ave para ave. A água, fezes e alimentos podem estar contaminados e podem ser meios de contaminação. Em espaços mais pequenos e contaminados podem transmitir a doença a outras aves. Todas as aves são alvo desta doença sendo as mais debilitadas as primeiras e mais atacadas.
O primeiro sintoma visível da doença caracteriza-se, quando aparentemente os reprodutores (macho ou fêmea) pretendem alimentar os filhotes e estes não têm forças para receber os alimentos e acabam por morrer à fome. Se bem que não é verdade que seja negligencia dos pais, pois os filhotes estão afectados pela doença e não duram mais de 12 a 48 horas. Podem apresentar inflamações do aparelho respiratório (nos sacos aéreos) e principalmente no abdómen (normalmente, é possível observar manchas amareladas no interior do abdómen)
Os cadáveres dos jovens canários apresentam um aspecto congestivo, septicemio, observando-se hemorragias cutâneas que na linguagem do criador é norma dizer-se que as crias apresentam as penas do peito molhadas. É este o sintoma da colibacilose na sua forma aguda.
Assim e após alguns anos de experiências e de consultas em diversa revistas da especialidade passo a escrever o método usado nos meus canários durante as criações para combater a doença, muito embora não seja eficaz a 100% mas atenua a mortalidade e ao mesmo tempo estimula o instinto dos reprodutores em alimentar os seus filhotes
TRATAMENTO:
O melhor tratamento é a prevenção da doença. Procurar manter ao aves sempre bem alimentadas com uma alimentação rica e variada, as gaiolas e as restantes instalações sempre em boas condições de higiene, e o uso regular de pré-bioticos e pró-bioticos.
1º - Administrar durante os primeiros 10 dias desde o dia anterior ao seu nascimento dos jovens canários, uma associação de antibióticos misturados na papa:
Estreptomicina – Clorofenicol e Ferramicina adicionando-se vitaminas com complexo B
2º - Durante os primeiros 8 dias de vida dos canários, juntar na água uma pequena dose de vitaminas com complexo B, tendo em vista uma melhoria da flora intestinal.
DOSAGEM A EMPREGAR:
Utiliza-se 1g de antibiótico para cada meio litro de agua, com a qual se humedece a papa de criação ou então um 1g de antibiótico para cada 200g de papa de criação se o criador utiliza a papa seca ou húmida.
Nota: Entretanto com a evolução da canaricultura, já existem no mercado produtos devidamente preparados para combater a Colibacilose e que vem facilitar as dosagens.
Segundo os últimos estudos a fosfomicina tem-se mostrado bastante eficiente no combate a esta doença.